Nada tenho

O cheiro já não tem nos lençóis
Os olhos já não vêem os arrebóis
Queria o pior amor para amar
Queria a pior boca para beijar
Queria a pior mulher para trepar
Queria a pior bebida para beber
Queria a pior vida para viver
Queria arrumar um jeito de tentar te esquecer
Queria a pior morte para morrer!

Rosa (ou Flores)

Encanta o beija-flor
Dar o perfume ao jardim
Faz o homem sentir dor
Nos seus espinhos que sem fim
Furam aqueles que não sabem te amar.
Perfeição de beleza
Que com sutil realeza
Nos conduz ao divino
Sem nada nos cobrar.
E assim com pétalas de fada
Nos acompanha no nosso fim
Querendo nos abraçar.

Busca (ou A luta)

Se não vigiarmos a vida ela passa e os outros a tomam.
Se ficarmos parados, a vida será seca e de boca cheia.
Se a movimentarmos, agitaremos a caldeira do universo
buscando encher do que não temos
E assim teremos a pureza do impuro ser
Ainda querendo viver
No clarão da lua cheia.

Lamento

Rio Cachoeira grande mártir grapiúna!
Debaixo da baraúna
Escrevi mil versos para você, tentando esquecer
A nuvem do não-pensar
Que me fez aqui prantear
A dúvida do seu não-viver.
Sei que meu chorar não trará de volta
O pingo da revolta
Que tu sentes por aqueles
Que o fazem desaparecer!

PS. Poema escrito como forma de alertar a sociedade itabunense sobre o dano que está causando ao patrimônio regional, que é o Rio Cachoeira.

Mordomia no amor

Você não amou meu mundo
Como podes ficar?
Você não me quer profundo
Como podes me amar?
As vezes até me sinto
Buscando te amar
E nesse vai-e-vem pergunto:
Se és ou estás?
Mas o que eu faço com essa mordomia
De querer me amar, sem se sacrificar
De querer ficar, sem me amar
De querer fazer, sem acontecer
Com você!

Término

Levante e vá para sua casa!
Vi o que não queria ver!
Pensava que existias novamente em mim,
Mas tudo mera ilusão...
Seu amor é masmorra na qual o meu não vai
Se prender para sofrer.
Assim como a claridade intocável do sol morre
para que a devassa noite surja,
Assim também farei com meus sentimentos
voltados para você.
Cessarei o fogo da paixão e
viverei nas trevas
Da solidão de amor ilusório.

Tudo é aqui

A continuidade do universo se encontra aqui e, eu, não sabia!
Tudo que sou acho que já sonhei.
Por isso hoje existo num pensamento real
Que outrora fora esculpido na irrealidade nefasta do meu ser.
Busco nas lendas mitológicas passagens por onde andei
Porém sou freado por um Fauno envolto de fúria
Embebecida de amor e me expulsa do holocausto sentimental
Que me coloquei.

Sentimentos de uma noite fria

Na minha cama...
No escuro...
Debaixo da casa de lençol feita por nossos corpos,
Mato meu frio tentando encontrar
Teu calor
Meu sentir
Teu amor
Meu sonhar
Teu viver
Meu desaparecer
Teu sofrer
Meu ouvir
Teu existir
Meu suplicar
Teu calar

Eu sou!

E num abraço ofegante,
daqueles que estamos querendo tirar as roupas,
fui inquirido pela inspiração:
-"Você é carinhoso?"
E minha resposta veio assim:
Sou mais épico que os árcades...
Sou mais devasso que os românticos...
Sou mais surreal que os contemporâneos...
Esse eu sou!

Loucura Lunar

Inspiras os poetas românticos...
Faz seus corações suspirarem seus cânticos...
Aumenta o metabolismo da violência...
O cataclisma da loucura...
O fim como o suicídio...
Será que a idéia da loucura lunar
Nada mais é do que
Uma antiga ilusão popular?

O ser Cabal

Vivo entre aparentes contradições,
Entre tentar reconciliar
Um Deus incognoscível e
Um Deus que se dá a conhecer...
Entre um Deus que é bom e criador de todas as coisas e
Um mundo - a sua criação -
Tão obviamente finito e
Pronto a se condenar...

Pequeno desabafo

E agora que penso que meu amor é teu denovo,
você me esnoba!
Como o vento que carrega as areias das dunas...
Como a lua que namora o mar, mesmo sem amar...

Era uma vez São João....

(In)felicidade e alegrias
Os quatro cantos contagiam
Os foliões do São João.
Recordo daqueles festejos juninos
Onde os Vicentes e os Celestinos
Eram tidos como meninos
Dentro daquele quinhão.

Hoje perdeu-se a graça
De sentar-se as praças
E comemorar o verdadeiro São João.
Tudo hoje gira na "saia rodada",
Nas "mulheres peladas" e de quem
Vende mais CDs...

Oh meu Deus, como é triste presenciar
Um criança pobre chorar à suplicar
Para que seu pai lhe dê
Um saquinho de fogos de artifício,
Ao perceber que outro está tão feliz
E ele naquele suplício...

O São João era São João...
São João de hoje é indústria,
E não mais tradição.

Mutação interrompida

Se for só fogo, que deixe queimar até virar brasas....
Se for só vento, que deixe derrubar todas as casas....
Se estiver amarelo, deixe apertar até ficar vermelho...
Mas se estiver azul, deixe transformar em preto.

Mutações de invernia no verão
São todas inundadas de emoção
Da cabeça ao pé,
Do Dó ao Ré,
Da melodia da mutação.

O velho dita ao novo,
O que o novo tem de velho...
Mas nesse compasso tão translúcido,
Surge o que não quero!

O ser

O abstrato do meu extrato é um ponto seu fim...
É o não e o sim
Contido no meu ser
A espera do amanhecer
De um dia inacabado...

O azul do meu céu e o branco do meu nada
Fazem surgir fagulhas de sentimentos
No braço carregado dos meus momentos
Cobertos de vertigens visionárias
Adquiridas nas células embrionárias...

Me faço do que não existe,
Buscando existir!

Poema vodkado

Vivo das músicas "antigos"
Passados perdidos,
Viva tudo!
Com a vodka na mão
Dinheiro no chão
A gente não sabe para onde vai
Nem o que vai satisfazer
Tentando acontecer.
Nesses caminhos, nessas loucuras
Faço mil e uma caricaturas desse ser inexistente,
Mas, sou totalmente potente....
Minha lata na mão,
Meu dinheiro no chão
E minha gata num colchão...

A praia

TERRA

SOLIDÃO

AZUL

LUZ
MAR
SOL

VIDA

AMORES

VERDE

Verde Verde Verde Verde Verde
Verde Verde
Verde Verde
Verde Verde Verde Verde Verde Verde Verde
Verde Verde
Verde Verde Verde Verde
Verde
Verde
Verde
Verde

Retorno do anjos

Os anjos caídos reconstroem suas asas
Para voltarem as casas
Revestidos de brancura terrena
Construída na forma pequena
De um sentimento bom aqui encontrado.

Viram por aqui um pedaço do infinito
Vivendo em perpértuo castigo,
Por não saberem quem são.
A explosão meta-sentimental do amigo
Veio como ferramenta de execução
Na palma da sua mão
Como martelo julgador
Voando sem temor
Contra aqueles anjos caídos.

Chegando por lá relatam o que aqui aconteceu
Não demonstram nem um simples sentimento de adeus...

Poema de Amor Inacabado

Quando estamos amando pensamos que o amor tem limite.
Quando nos relacionamos percebemos que ele não se passa de um palpite.
Suspiramos querendo mais e mais...
Somos todos uns animais sentimentais
Viajando na plenitude dos seres transcendentais
A procura de um sentimento racionado.
Tudo isso escrevo sob a égide
De um poema de amor inacabado.

Ps. Poema-presente para o amigo Diego Arléo.

Que música do Los Hermanos sou eu?

Estava pela net fuçando e deparei com um teste que trazia a seguinte pergunta: "Que música do Los Hermanos é você?". Fiz o teste e olha o que deu





Que música do los hermanos é você?
Trazido a você por Soul Fire

Desabafo a meia-noite

Aprendi a amar sozinho
Mesmo tendo alguém para amar...
Aprendi a falar baixinho
Querendo me acalentar...
Se hoje você não é minha,
É porque não soube ser teu.
Abaixo os meus olhos
E tento enxergar os teus
Carinhos, desejos, angústias
Tudo se mistura em um só ser...
Mas nada se compara
Ao bem que quero de você!

Um significado

Louco era para ser meu nome...
Porém disfaçaram o seu significado
Com outro nome de também cinco letras.
Cinco vertigens de tamanho significado.
Incompleta fica a vida sem um significante...
Caro também fica o viver na solidão...
Amparado na loucura do egoísmo.
Resguardo no seu inexistir,
Obrigado a significar o insignificante!

Estou aqui

Grite, que eu escuto...
Chore, que eu te acalento....
Ame, que eu me dou para você...
Pise, que eu ando...
Respire, que eu vivo...
Pense, que eu existo...
Sofra, que eu me despedaço
Morra, que eu não vivo mais...

A vontade

Estava querendo te ver hoje...
Agora...
Nesse minuto...
Para acalentar-me um pouco no seu ser...
E sentir a delícia que é viver
O sentimento tão forte e profundo desse mundo.

O Caos

O que havia quando ainda não havia coisa alguma,

Quando não havia nada?

Um vazio escuro onde não se distingue nada.

Espaço de queda, vertigem e confusão,

Sem fim, sem fundo, sem emoção.

Por esse abismo como por uma boca imensa e aberta

Que tudo tragasse numa mesma noite indistinta,

Que somos apanhados e tragados...

Abismo cego, noturno, ilimitado, com medos disfarçados.

Confusão e a tenebrosa indistinção de Caos opõem-se a nitidez,

a firmeza e a estabilidade da vida.

Na vida tudo é desenhado, tudo é invisível-visível...

Caos é a dívida...

Vida a obrigação exigível.

FUÁ NA CASA DO POETA

REPORTAGEM CORDELIZADA DO EMPOSSAR -
O ENCONTRO DOS POETAS SERTANIENSES E ARTISTAS REGIONAIS.

FOI NO BAR INGERICANA
VINTE E QUATRO DE JANEIRO
PARA RUA DAS TABOCAS
ASSIM SE FEZ O ROTEIRO
PARA RESGATAR DA CULTURA
O IDEAL ALTANEIRO

NO BOTECO DE ZÉ MAGO
A SAPECAS REUNIU
NO ENCONTRO DE ARTISTAS
MAIOR QUE AQUI JÁ SE VIU
E NOSSA CASA DO POETA
DESSE MODO ELA SURGIU

A SERTÂNIA FM
FEZ BOA DIVULGAÇÃO
PLANEJOU-SE DIREITINHO
SUA ORGANIZAÇÃO
NUNCA SE VIU TANTO ARTISTA
EM VASTA PROGRAMAÇÃO

NAS PAREDES OS VARAIS
COM AS POESIAS GRAVADAS
DOS POETAS DA CIDADE
DE MENTES ILUMINADAS
E ATÉ DE MARCOS PAULO
ESCULTURAS ALONGADAS

O VÍDEO “REMENISCÊNCIAS”
QUE RESGATA A MEMÓRIA
DE ROGACIANO LEITE
POETA DE GRANDE GLÓRIA
DIREÇÃO DE TACIANNA
JORNALISTA MERITÓRIA

ASSIM O BAR DOS POETAS
NOS FEZ O MAIOR SARAU
DANDO O NOME DE WALMAR
AO ESPAÇO CULTURAL
LANÇANDO AINDA O MECARTES
UM PROJETO SEM IGUAL

HOUVE O “CAFÉ COM POETAS”
RECITAL DE POESIA
COM GAUDENCIO E GABRIEL
LUIZ AMARAL NA FOLIA
ASSIM A INGERICANA
ERA O VERSO EM SINFONIA

OUTROS MARCARAM PRESENÇA
TAL LUIZ CARLOS MONTEIRO
VATE PAULO MARIANO
FILHOS DE “DEMA” CORDEIRO
TIROU-SE ATÉ DE CASA
O POETA ZÉ CARNEIRO

TAMBÉM MOSTRARAM TALENTO
OS GRANDES DECLAMADORES
VEIO NENEM DAS COCADAS
RECITANDO CANTADORES
E O ZENILTON PEDREIRO
UM ARQUITETO DE FLORES

AINDA PLÍNIO E A GAITA
DERAM CONTA DO RECADO
MESTRE CHECÃO DEU SHOW
RELEMBRANDO O PASSADO
COCOS DE PEDRO BRASIL
COM VOZEIRÃO ENCANTADO

PIADAS DE ZÉ DE UMBILINA
PUDERAM SER ESCUTADAS
CIEUDES BRASILIANO
COM HISTÓRIAS REFINADAS
LULA CORTEZ DO SERTÃO
COM VIOLA AFINADA

SHOW MÚSICA E POESIA
COM ANTONIO AMARAL
JUNTO A JOSESSANDRO ANDRADE
NUM ESPETÁCULO FRUGAL
ONDE TODA RAÍZ DA TERRA
BROTOU-SE BEM NATURAL

NO PALCO DE LÁ PASSARAM
CANTOR DANIEL MEDEIROS
HOMENAGEANDO JAIRO
NOS DELÍRIOS FORROZEIROS
E UMA CANJA DE XOTES
DE ACÁCIOS CONSELHEIROS

CHICO ARRUDA ESSA FIGURA
TÃO DOCE E FENOMENAL
RONA LOPES DA VIOLA
E CANTO TÃO GENIAL
O INTERPRETE MAVIOSO
QUE É CESAR AMARAL

A SERESTA EM GRANDE ESTILO
COM ROBERTO FOGUETEIRO
CANTOU SIBONEY , DO POETA
MESTRE WALDEMAR CORDEIRO
A SAUDADE EMOCIONANDO
TOCOU O PÚBLICO INTEIRO

NOSSO ÍCARO EMANOEL
QUE FOI LÁ DÁ SUA PALINHA
RICARDO BOLA MOSTROU
A MPB PURINHA
INDA O JUNIOR DE TARCISO
E OS FILHOS DE KETINHA

O THIAGO MULTIARTISTA
DE RABECA INSPIRADA
O FOLE DE OITO BAIXO
E A GAITA ABENÇOADA
E CALU VITAL COMPLETOU
A FARRA MAIS ANIMADA

COM O MICRONE LIVRE
E SEM NENHUMA CENSURA
O ESPAÇO SENDO ABERTO
BRILHARAM MUITAS FIGURAS
FELIPE DECLAMADOR
USINA EM LITERATURA

NO CARDÁPIO A SERVIR
COZINHA BEM REGIONAL
GALINHA DE CAPOEIRA,
MAXIXE COM BACALHAU
SARAPATEL ENSOPADO
E A BUCHADA ESPECIAL

ZÉ MAGO TODO FELIZ
TIRAVA FOTO ADOIDADO
JUNTAMENTE COM NININHA
TÉ TRABALHOU ADOIDADO
E JÁ TARDE DA NOITE
EM PÉ TINHA COCHILADO

-EITA POVO PRÁ BEBER
ZÉ FALOU ESPANTADO
MUITAS GRADES DE CERVEJA
ELE JÁ TINHA BUSCADO
SÓ NA VASSOURA O POVO
DEIXOU DORMIR SOSSEGADO

GLÁUBER, CHARUTO, GONZAGA
FICARAM PRÁ OUTRA VEZ
ASSIM COMO CHOCOLATE
DO EVENTO SERÃO FREGUÊS
NUMA SEMANA NÃO CABIA
TINHA QUE SER LOGO UM MÊS

GRANDE FESTA CULTURAL
PREDOMINANDO A UNIÃO
UMA COISA QUE NÃO PODE
DEIXAR DE HAVER MAIS NÃO
OS ARTISTAS E A PLATÉIA
EM UMA MESMA COMUNHÃO

DE NOVO VOLTOU A CENA
RESISTÊNCIA CULTURAL
SEM DONO E SEM TUTELA
EM PARTILHA FRATERNAL
ONDE TODOS SE ABRAÇAM
COMO SONHO DE CARNAVAL

PS. ESSE CORDEL FOI COMPOSTO COM JOSESSANDRO ANDRADE, POETA DE SERTÂNIA-PE.